Essa noite a general desceu do seu posto, virou uma garotinha cheia de
sonhos que chorou impiedosamente enquanto admirava a grande cidade iluminada
que cabia na sua pequena janela. Coisas grandes sempre a assustaram, seja o
horizonte infinito ou o amor.
Pobre coraçãozinho, tão pequeno para tanta dor. Aquele mundo era
demais para ela. O medo invadiu seu quarto cor-de-rosa. A raiva da injustiça
invadiu seu corpo. A revolta do seu amontoado de confusões invadiu o pouco de
sanidade que lhe restava.
A noite escura lá fora sussurrava
aos sete ventos que a solidão é a maior companhia que alguém poderia ter. O
vazio enche o copo, enche a alma, enche o peito. Esfriou. Na falta de um
amontoado de panos para fugir, encolheu-se e rezou ao seu Deus. O tempo não
passava. Ninguém a atendia lá fora. “Vai ver papai do céu está ocupado demais
com pessoas importantes”. E nisso virou para o outro lado e rezou para a dona
do seu destino, pediu que crescesse antes que fosse tarde. Já havia passado da
hora de perceber que a vida esta por aí batendo porta na cara de quem tem medo
de pular janelas. Levantou-se, olhou no espelho e viu uma mulher de farda com
uma lágrima nos olhos. Se hoje veste essa armadura, é porque já se feriu
demais. Despiu-se de todas as máscaras e restou sentimentos, que sem sustento
algum, despencaram no chão do silencioso cômodo. O barulho dos anseios de uma
criança perdida sendo estraçalhados em cacos era de ensurdecer os mais sãos dos
seres. Implorava pelo colo de sua mãe todas as noites, sem sucesso. O mundo
andava doloroso demais para ela enfrentar sozinha. Era apenas uma criança.
parabéns, gostei, texto mto bom, eu copiaria pra aula de filosofia
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