quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Carta a um amor perdido


Enquanto você está por aí perdido no mundo, estou completamente perdida dentro do meu próprio quarto. As coisas não eram para ser assim. O nosso maior erro foi ter ignorado as placas pela estrada. E irônico, pois agora elas sempre me perseguem em meus sonhos.  
Eu continuo aqui ouvindo aquela música de sempre que você nunca entendeu, vestindo aquela blusa que você tanto dizia odiar, e comendo aquela pizza que você achava horrível. A intenção era eu me sentir livre, afinal, agora posso fazer tudo isso sem alguém para me criticar. Mas não, eu trocaria tudo isso por mais um beijo seu, sem nem pensar duas vezes.  Você me mudou da pior maneira possível, e depois simplesmente foi embora pela porta da frente. Acha isso justo?
E agora você está por aí, talvez mudando alguma outra pessoa para largá-la na primeira oportunidade. Talvez em algum carro qualquer sem saber ao certo para onde está indo, essa opção é realmente muito a sua cara. Talvez esteja se embebedando e fingindo que está tudo bem. Suprindo sua carência com lábios aleatórios que nunca mais verá em sua vida. E você afirma batendo o pé que essa é a vida que você sempre quis. Mas hey garoto, eu te conheço. Mesmo você sendo o maior enigma que já tentei desvendar um dia, eu ainda sei que no fundo seu vazio te enlouquece. Assim como sei que você tenta preenche-lo com tudo que vê pela frente. E ele só aumenta cada dia mais.
É sexta a noite. Ainda tenho esperança de você me ligar completamente transtornado dizendo que sente minha falta. Nem precisa ser muita não, ando mendigando tanto o amor que qualquer esmola serve. E nisso vou me afundando em algo que eu mesmo estou cavando. Tão desesperada pra te ter de volta que perdi qualquer vestígio de amor próprio que já tive algum dia.
Onde quer que você esteja, me responda: você ainda pensa em mim? Você ainda se lembra de mim quando passa por aquela lanchonete suja onde foi nosso primeiro encontro? Ainda se lembra de mim quando vê aquele filme que vimos juntos quando você ainda dizia que éramos apenas amigos? Porque eu lembro. Vejo você em tudo, e isso me mata. Por que você me fez viver tanto? Te odeio por um dia ter me tirado do meu mundinho confortável e sem vida e colorido ele. Uma vez que você conhece a felicidade, é terrível cair na real e ver o quão cruel o mundo pode ser. E foi exatamente o que você fez comigo: entregou um doce em minhas mãos, me fez ama-lo e tomou-o de mim.
Eu odeio o fato de você ser tão você. Odeio o quanto você é amável. E odeio mais ainda o fato de não conseguir te odiar depois de tudo.
Algumas coisas nunca irão mudar, e infelizmente, nós somos uma delas.


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