Uma vez você me disse que escrever sobre um sentimento é a
melhor maneira de compreendê-lo. E eis que agora aqui estou eu, escrevendo sobre nós. Espero não me arrepender.
Eu só queria entender o motivo de tudo isso. Até hoje não
sei qual de nós dois fugiu primeiro.
As vezes me pergunto se você ainda significa algo de fato ou
se apenas tenho problemas em lidar com o passado. Acho que esse nó a garganta é
a minha resposta: eu ainda sinto.
Mesmo sem perceber, sempre te cito entre uma conversa e
outra com os meus amigos. É involuntário. Invento mil e uma desculpas, mas no
fundo sei que o real motivo é porque você não sai da minha cabeça. Nunca saiu.
Faz exatamente um ano que te vi pela última vez. Nos
despedimos com um abraço forte e um até logo. Não sei quanto tempo significa um
até logo para você, mas bem, para mim costuma ser menos que 12 meses.
52 semanas, 365 dias, 8760 horas, 525600
minutos ou 31536000 segundos. É tempo suficiente para você perder uma parte
significativa da vida de alguém. Assim como foi o tempo suficiente para me
fazer esquecer dos detalhes do seu rosto. E pelo visto, para você, é tempo
suficiente para me esquecer de vez.
Sabe qual é o meu maior medo depois de tudo isso? O nosso
reencontro. Olharemos assustados um para o outro, e nos perguntaremos
internamente o porquê nos afastamos.
- Você sumiu!
E eu como sempre, irei me responsabilizar por toda a culpa,
como sempre faço.
- Pois é. Sumi... Tanta coisa acontecendo.
E nisso continuaremos nesse raso diálogo até algum de nós
dois inventar uma desculpa para fugir de tamanho constrangimento.
Quem diria
que terminaríamos assim? Um fugindo do outro apenas para não encararmos de
frente um fim que sempre evitamos.
- Vamos marcar algo, senti saudades!
- Vamos sim, claro!
- Até logo.
- Até!
E nós dois saberemos internamente que esse logo nunca
existirá.
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