Sempre demarquei o meu limite com um “preciso escrever sobre isso”. E eis que depois de tempos
retornei para as dolorosas folhas de papel. Dolorosas porque falam demais, ou
talvez justamente o contrário, por me fazerem falar demais.
Sempre odiei terapia, sabe? Não lido bem com essa coisa de
expressar sentimentos, ou transformar em palavras aquilo que quero, ao menos
não através do som. Cada pingo de tinta nessa folha é um rendimento, é a
salvação de todas essas coisas que ficaram aprisionadas aqui dentro por tanto
tempo. Desde pequena, minha mão diz mais que minha boca. Meus velozes dedos se
comunicam com o mundo antes mesmo que eu possa processar as informações. Só vou
me deixando levar, deixando que as palavras me guiem até onde quero chegar. E
onde quero chegar? No alívio. Na explosão dessa bomba relógio que habita dentro
de mim. Palavras dizem muito mais do que parece. Uma palavra nunca é apenas uma
palavra, uma frase nunca é apenas uma frase.
Uma correnteza invisível, que leva consigo todo esse peso
que você andava carregando no braço, sem que ninguém visse. Cada texto que
escrevo é um “sobrevivi até aqui, então sou capaz de suportar mais”. Você vê
uma coletânea de textos aleatórios e fictícios, eu vejo uma biblioteca de
sentimentos e lembranças, que me faz lembrar do quão forte sou por ter sobrevivido
a cada história. Sou mera personagem dos meus próprios contos. Enquanto houver
história, estarei de pé.
Nossa! Bom demais! Muito literário e... maduro!
ResponderExcluirEngraçado como consigo me encaixar em várias coisas que você escreve, por mais que não tenhamos vivido a mesma coisa mas entendo seu texto. Uma vez minha mãe foi ler uma frase minha que ela ficou sem entender, mas era uma metáfora que só eu entendia, aliás, ainda entendo. Quando a gente põe algo numa folha ou num blog, só a gente sabe quanto sentimento tem naquilo e isso é muito mágico.
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