domingo, 5 de maio de 2024

Às vezes me pergunto quantos “lás” existem por aí... Amores não vividos, amigos não feitos, conhecimentos jamais aprendidos.

Em um dia não tão qualquer, após uma sequência de coincidências nada coincidentais, minha versão do passado deu o primeiro passo daquela encruzilhada. Agora aqui estou eu, olhando pela janela de um dos tantos “lás”.

E bom, tudo realmente estava lá. Ou melhor, aqui.


Última vez

A vida é uma sequência infinita de últimas vezes.

A última vez que fiz um café naquela xícara que quebrou ou que deitei naquela parte que bate sol às 15h da tarde de um domingo primaveril na minha sala. A última vez que abri aquele caderno esquecido, que comi aquele doce que pararam de vender, que usei aquela caneta que perdi. A última vez que ouvi aquela música, que dei um abraço naquela pessoa querida, que beijei o meu primeiro amor. A última vez que ouvi meu nome saindo dos seus lábios, a última vez que...

Sentada ao lado daquele forno, sentindo o calor do fogo em minhas mãos, eu não tinha noção do tamanho da preciosidade daquela cena. Me apego a lembranças por ser tudo o que me resta, mas e se um dia for a última vez que eu me lembrar delas?

Me apeguei a memórias de uma vida, sem imaginar que um dia seria a última vez que eu me lembraria delas. Se somos nossas lembranças e nossas vivências, o que nos tornamos quando elas nos abandonam?

Vai haver um dia em que talvez meu nome não soe familiar. Ainda serei eu?

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