Em um dia não tão qualquer, após uma sequência de
coincidências nada coincidentais, minha versão do passado deu o primeiro passo
daquela encruzilhada. Agora aqui estou
E bom, tudo realmente estava lá. Ou melhor, aqui.
Em um dia não tão qualquer, após uma sequência de
coincidências nada coincidentais, minha versão do passado deu o primeiro passo
daquela encruzilhada. Agora aqui estou
E bom, tudo realmente estava lá. Ou melhor, aqui.
A última vez que fiz um café naquela xícara que quebrou ou
que deitei naquela parte que bate sol às 15h da tarde de um domingo primaveril na
minha sala. A última vez que abri aquele caderno esquecido, que comi aquele
doce que pararam de vender, que usei aquela caneta que perdi. A última vez que
ouvi aquela música, que dei um abraço naquela pessoa querida, que beijei o meu
primeiro amor. A última vez que ouvi meu nome saindo dos seus lábios, a última
vez que...
Sentada ao lado daquele forno, sentindo o calor do fogo em
minhas mãos, eu não tinha noção do tamanho da preciosidade daquela cena. Me
apego a lembranças por ser tudo o que me resta, mas e se um dia for a última
vez que eu me lembrar delas?
Me apeguei a memórias de uma vida, sem imaginar que um dia
seria a última vez que eu me lembraria delas. Se somos nossas lembranças e
nossas vivências, o que nos tornamos quando elas nos abandonam?
Vai haver um dia em que talvez meu nome não soe familiar.
Ainda serei eu?