quinta-feira, 28 de maio de 2015

Meus nós


Coração a mil por hora, mas estagnado em uma só batida. Quem sou eu na madrugada dessa noite tão fria? Ventos sopram sentimentos antigos, e sussurram que chegou a hora. Hora de sair da caixa, respirar, finalmente ser eu. A dor misturada com arrependimento amarga a boca, mas me faz ter a certeza de que finalmente o presente chegou. O disfarce aos poucos dissipou-se na neblina, e a lua cheia sugou-me todas as angústias. Despeço dessa minha tão turbulenta metade com o carinho de quem sentirá saudade. Doce criança, obrigado por ter embaralhado tudo aqui dentro. Desembolar meus nós me fez gigante por dentro. Me fez mais eu.

Plante-me, Colha-me, Acolha-me


quarta-feira, 20 de maio de 2015

Pontos

Querida história, desculpa discordar mas o tempo não é um linha. Dias desses, em uma janela de ônibus qualquer, cheguei a conclusão de que não existe continuidade. Em nada.
Minha vida vira e desvira do avesso todo santo dia, mas nunca é a mesma. Todo ontem transforma-se em pó um dia, até para as memórias mais brilhantes. Um dia você irá olhar para trás e sentirá que aquela não era você, que aquela não era sua vida. E realmente não era. A vida é apenas o hoje, esqueça todo o resto. O resto não existe mais.
Se eu pudesse definir o tempo em uma só palavra, não pensaria duas vezes antes de dizer que são como fotografias: Intactas quando tiradas, mas com o tempo se transforam e deformam, amarelam-se... Até que um dia somem no fundo daquela gaveta qualquer, e deixam de existir. Um tempo que nenhum relógio é capaz de mostrar se perde na sua própria abstração.
Não existe relação entre os fatos. Cada momento é um ponto. Esquece toda essa tal de cronologia, não existe linha, não existe passado. Nesse exato momento você apenas está em um universo paralelo flutuando no espaço, daqui alguns segundos será outro. Os universos nunca se repetem. Tempo é ponto. Pontos espalhados entre as estrelas, com enormes buracos negros entre eles. O ontem virou ponto, o hoje é um ponto e o amanhã será outro ponto. Três pontos. Reticências perdidas no ar. 

domingo, 3 de maio de 2015

Instável

Cuspi definições e ainda não me encontrei. Sou pedra, esperando ser moldada. Diamante, esperando ser lapidado. Folha de papel, esperando ser preenchida.
Mergulhei em areia movediça, virei onda do mar. Constantemente, sou inconstante. Equilibradamente, desequilibrada. Feita de instáveis instantes, que se embaralham e desembaralham em uma turbulenta dança de nós. Desata daqui, desata de lá. Embola mais um pouco aqui, desembola lá. Nunca totalmente entendível. Sou mistério que enlouqueceria os mais sábios detetives da literatura. Ziguezagueando em meu mundo labiríntico, vivo enredada no emaranhado de linhas tortas que me envolvem. O meu sentido é não ter sentido. 
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