sexta-feira, 24 de abril de 2015

A caixa


Não sei ao certo quando vim parar aqui, e agora me parece tarde demais. Estou trancada em uma caixa sem fechaduras. Uma caixa que eu mesma criei e me prendi. Uma forma de me proteger do mundo, ou talvez de mim mesma. Não deu certo. Estou presa justamente com meu maior inimigo: eu mesma. 
E agora estou aqui, morrendo sufocada e implorando por alguma chave qualquer. Só quero sair daqui. Só quero poder ver o mundo novamente. Todas aquelas cores que eu tanto dizia odiar, toda aquela luz que chegava a arder os olhos, todo aquele ar não muito respirável e toda aquela infelicidade que rodava sobre a cidade. Sinto falta do mundo. Do meu mundo já basta, cansei de me afundar nele. Se for pra viver, que ao menos seja no mundo real, fora de toda essa caixa que me circula. Quero ser livre do meu próprio eu. Correr os riscos, ter sentimentos. Sinto saudades de sentir saudades. Faço falta na minha própria vida. Não sou eu.Vivo em uma caixa que não existe. Existo? Essa escuridão está me cegando. 
Alguém aí fora? Qualquer um, alguém, ninguém. Meu eco berra contra o silêncio. Cada segundo a mais aqui dentro me soa como uma contagem regressiva para o fim. No fundo, faz falta sentir falta de alguém.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Artéria

Artéria: Via de comunicação que leva o sangue desde o coração até às restantes partes do corpo.
Arte: Via de comunicação que leva os mais profundos sentimentos de um ser até o restante do mundo.
Arte em todos os cantos, arte em cada passo, arte no ar que respiro, arte por todo lado.
Vire a esquerda e me  encontrará  nua de corpo em alma, exposta entre linhas. Entrelinhas.
Vira a direita e não em encontrará, estarei escondida, atrás daquela gota de tinta no canto da folha, daquela letra borrada e principalmente, do sorriso estampado.
Sou artéria.  Sangue que pulsa, que move, que circula. Roda o corpo, revira as borboletas do estômago e os poucos neurônios do cérebro.
Um pontinho surge no coração. Se alimentado, vira vírgula. Corre pelo texto feito bicho selvagem. E é justamente isso que ele é: Palavra nascida na selva de sentimentos, difícil de ser domada. Mas a arte fala alto, ela grita, ela berra. Corre ligeira pelas artérias da alma, levando aquela sensação tão pura e singela, para todo o restante do corpo. Sentimento domado, sobre controle da criatividade. Vai seguindo em frente, sem saber ao certo o que esperar. Até que não lhe caiba mais ali, e é aí que ele explode. E sai poesia, sai rabisco, sai arte.
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