sábado, 30 de agosto de 2025

Entre as peças que não se encaixam

Encaro a folha em branco depois de um longo tempo distante. Perdi a intimidade. Com a escrita e comigo mesmo.

Não quero que seja mais um texto como aqueles tantos que escrevi no auge dos meus 14 anos. Mas não posso negar que se parecem com eles. Todos não passam de uma grande ânsia de despejar tudo em cima de uma mesa e montar esse quebra-cabeça.

As peças não encaixam, nenhum desenho se forma. E depois de horas encarando aquele amontoado, percebo que estou justamente nos abismos entre uma ponta e outra. Eu sou o não encaixe, os buracos sem peça, o vazio.

Eu tento acreditar que existe um motivo, e procuro fortemente por ele aqui dentro de mim. E eu até posso encontrar diversos nesse meio do caminho da procura, mas nenhum que realmente me pareça real. Talvez eu seja o problema.

Paralisada pela milésima vez. Mais uma tarefa acumulada na pilha de papéis ao lado. Mais uma frustração para a lista de fracassos.

E na ânsia de me entender, vomitei palavras soltas, que nada dizem e nada resolvem. O aperto permanece, o sentimento também. Uma das mil vozes aqui dentro grita coisas absurdas, que se rebatem em um eco infinito. Um eco que, não importa o que eu faça, eu sei que voltará a soar vez ou outra. 

Meu jeito de lidar? Afogando-o. O problema disso é que às vezes eu me afogo também.


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