domingo, 28 de agosto de 2022

Portas

Eu já conheço essa história, ou melhor dizendo, o final dela.

Tento culpar muitas coisas, e minha insegurança talvez seja a mais frequente delas. Mas como pode ser paranoia se eu sempre acerto o final?

Descartável. Nunca boa o suficiente. E eu nem sei o que seria ser suficiente, acho que nunca cheguei nessa etapa.

Uma hora você vai aparecer, e uma parte de mim irá se encher de esperança. “Dessa vez não será igual”, mas foi o que pensei na última.

Cansada de me abrir para logo depois fecharem a porta na minha cara, sem nem ao menos um adeus. O pior de tudo é que dessa vez não foi uma porta qualquer. Era uma que permaneceu fechada por tanto tempo que eu jamais pensei que veria ela novamente. E eu assumi os riscos, eu guardei meus medos passados, eu imaginei o outro lado. Enfrentei grandes fantasmas para dar um passo tão curto, e agora me pergunto se valeu a pena.

A cada vez que o ciclo recomeça eu me sinto tão idiota, tão inocente. Recomeçar se torna cada dia mais difícil. O medo é voraz e se alimenta de tudo que deu errado, e nisso cresce, dia após dia, aguardando o momento em que será guardado em um armário para eu recomeçar e voltar a acreditar. Ele sorrateiramente escapa, e volta como insegurança.  

Qual é o preço de tentar preencher o vazio a qualquer custo? Achei que já tinha passado dessa fase. E na verdade eu já nem sei mais identificar quando é real e quando é minha solidão falando mais alto. Esse meu sentimento é real? É o suficiente?

Ou melhor, algum dia eu serei o suficiente?

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