quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Cartas a mim mesma: A mensagem na garrafa

Sinto-me colocando uma mensagem em uma garrafa e disparando-a no mar. Essa é minha garrafa. Esse é o meu pedido de socorro. 
Já faz um tempo que crio um monstro de estimação. Ele começou bem pequeninho, entre uma tristeza e outra. Mas ele foi crescendo… E hoje tornou-se maior que eu, e anda ocupando todos os segundos dos meus dias. Ele invadiu cada pedaço do que eu costumava ser, tanto que hoje nem me reconheço no espelho mais. É tão agoniante você olhar para seus próprios olhos implorando para encontrar uma saída de tudo aquilo, ou apenas se lembrar como você era antes de tudo isso. Mas você nunca sai do lugar. É como se tivessem me tomado o passado, presente e futuro. Como se eu estivesse vivendo em um universo paralelo, onde nada possui um sentido. Sinto-me por trás de um espelho, vendo tudo acontecer de forma invertida, sabendo que tudo aquilo está se passando ao meu redor, mas ao esticar os braços pra tentar entrar naquele mundo, dar de cara com uma enorme muralha de vidro. Estou presa nesse maldito espelho. 
E nisso sigo regando minhas dores e cultivando todas essas erva daninhas. Meu jardim, que um dia já foi belo e florido, foi tomado por completo, e hoje não passa de um matagal de problemas. 
Escrever sempre me ajudou, mesmo que pouco, sabe? E eis que agora, aqui estou, escrevendo essas cartas a ninguém, ou talvez apenas a mim mesma, na esperança de aliviar tamanho peso no meu peito.
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