sábado, 16 de abril de 2016

Projeto 16 on 16 - Aquela carta que você nunca irá receber

O projeto 16 on 16 continua firme e forte, e o tema desse mês é bem amorzinho: cartas! <3


Essa carta já é a décima quinta que te escrevo hoje, e acredito que fará companhia para todas as outras que foram parar na cesta de lixo. Eu gostaria de ter um jeito de saber sobre a sua vida sem parecer tão... Intrusa. Afinal, foi isso que me tornei, não é? Uma mera estranha que um dia por acaso passou na sua frente.
Como anda a sua vida? Conseguiu a felicidade que tanto buscava como se fosse algo palpável que um dia você encontraria no final de algum arco íris qualquer? Encontrou o amor da sua vida, aquele dos livros que você suspirava só de imaginar? Encontrou seu lugar nesse mundo, já que você afirmava de pé junto que aqui não era o seu?  São tantas perguntas presas aqui dentro. Tantas palavras que nunca saíram da minha boca e que agora me sufocam todas as noites.
É madrugada. Nossa música começa a tocar na rádio. Eis que uma dor avassaladora surge no meu peito, e me consome por inteira. Seu número está logo ali perdido no meio da minha agenda. É tarde para te ligar? Hesito ao lembrar que prometi sumir da sua vida. Sempre foi tarde demais. E nisso explodo. Choro. Grito. Espanco o travesseiro em uma inútil esperança de entender esse sentimento sem sentido algum.
Por que diabos ainda sinto tanto? Por que você não some da minha vida de vez assim como todos os outros? O que fiz de tão errado para merecer ter essa cicatriz eterna no lugar em que um dia já ficou o meu coração? Por favor, devolva-me, ando precisando dele para tentar dar um jeito na minha vida. Anda tão difícil seguir em frente sem você.
Os dias não passam, sinto-me presa em um loop eterno. Sem ter dado meio passo para frente ou para trás, permaneço no mesmo lugar em que você me deixou. Eu até tento sair, eu juro. Às vezes surge alguém, e eu chego a pensar que finalmente me verei livre de você. Mas é muita pressão em cima de todos. Você sempre volta, não importa o que façam ou falem.
Não bastava ter ido embora, você me deixou completamente bagunçada e nunca voltou para guardar as coisas no lugar. Graças a você, não passo de um corpo vazio com poeira e enormes teias de aranha no peito. E nisso sempre desistem. Sempre.

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sábado, 9 de abril de 2016

Overdose


Eles tentam me dizer algo, mas tudo está passando em câmera lenta na minha frente. Acho que estou tendo uma overdose de realidade. Tento abrir minha boca e nada sai. "Você deveria ao menos esboçar um sorriso". Meus lábios não se movem nem meio centímetro. Eu não deveria estar aqui, mas também não deveria estar lá. Em lugar algum, talvez? 
Entrei em um estado de espera eterno. Não escuto vocês. Não consigo me mover. Não consigo me expressar. Uma bela estátua humana, presa em meu mundo interno, sem fazer a menor ideia do que se passa lá fora.
A solidão me assusta e me consola, e nisso fico sem ir ou vir. Parada no meio do caminho, esperando alguém me puxar pelas mãos e empurrar caminho afora. Quando foi que me tornei assim? 
Eu já me rendi há tanto tempo que nem sei mais lutar em um campo de batalha. Me entreguei no exato momento em que aceitei que havia sido completamente consumida por todos os meus monstros. Não restou nada que posso chamar de meu. Tornei-me uma estranha que não faço questão de conhecer. 
Tiraram-me o chão, mas não sei voar. E nisso caio, cada vez mais fundo, cada vez mais rápido, divertindo-me apostando quanto tempo irei durar em toda essa loucura.
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