quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Era uma vez um monstro


Era uma vez um monstro. Um terrível monstro sem cara definida e hora para surgir.
Ele consegue me fazer sentir tudo e nada no mesmo dia. Basta ele aparecer que até mesmo o mais brilhante dos sorrisos me escapa do rosto. Ele me faz sentir fraca, um lixo, o ser mais insignificante da face da terra. Ele me faz revirar na cama, me traz cicatrizes por dentro e por fora, me faz voltar no passado e sentir medo do futuro. Esse monstro é sorrateiro, e são poucos os que já me viram ao lado dele. Ele tem dessas coisas, aparecer quando estou completamente sozinha, pra me mostrar através da escuridão do meu quarto todos os vazios da minha vida. Ele consegue ser bem cruel quando quer, e vive me dizendo que eu não tenho mais o que fazer por aqui. Esse monstro sabe apontar friamente para cada dor minha. 
As pessoas que perdi pelo caminho juntam-se a ele para me fazer duvidar das que ainda permanecem do meu lado. E nisso, ele revira minha mente, me faz acreditar que enlouqueci, me faz dizer coisas da qual tenho certeza que irei me arrepender depois, e me tira todo o controle do meu próprio corpo. Esse monstro as vezes some, e quando penso que estou livre, eis que ele ressurge ainda maior. Um dia ainda irei me cansar de toda essa batalha, ou apenas não suportar mais. Um dia ele será maior que eu e me consumirá por inteira. Mas ele não gosta disso. Tortura é a sua especialidade. Por que dar o seu pior de uma só vez quando pode ir fazendo alguém surtar aos poucos? E nisso ele é muito bom, preciso confessar.
Querido monstro, eu me rendo. E eis que essa folha de papel é minha bandeira branca.


quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Apenas um jogo


É apenas um jogo, você não vê? Te conheço, sei que você é inocente até onde quer, e que não é vingativa até onde te agrada. Mas ele também sabe manipular, e sem perceber, você entrou no jogo dele. Era isso que ele queria desde o começo. Você pensou mesmo que estava por cima? Realmente acreditou que tinha ele em suas mãos? Pensei que você só se fazia de idiota até onde te convinha. Vai continuar mesmo nessa? Você merece tão mais.
Precisarei te sacudir até você enxergar o tamanho do papel de trouxa que você está assinando? Vamos combinar, você é bem mais que isso.
Não vale a pena se sujar tanto por um joguinho tão momentâneo. Ou você acredita mesmo que isso vai durar? Te contar uma coisa: máscaras caem vezes ou outras. E você está colocando tudo a perder por um relance que logo passará. Não troque o certo pelo duvidoso. Abre esses olhos garota, você é muito mais do que qualquer homem pode ver. E eu te vejo por trás de toda essa dúvida, toda essa confusão. Tudo está parecendo embaçado agora, mas basta você se afastar que enxergará o óbvio: você está sendo uma garotinha iludida por um estranho que te promete doces. Abra esses olhos. Fuja enquanto é tempo.



quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Eu, paradoxo


Perdida dentro e fora de mim. Andando em círculos para lugar algum. Correndo para não chegar ao final. Perdendo-me para encontrar. Bebendo solidão para sentir sede de saudade. Entornando até a última gota de passado para, em uma tentativa inútil, clarear o agora. Nada. Escuridão que dói, silêncio que fere. Após um bom tempo, percebi que meu lugar é em lugar nenhum. Não pertenço a nada, não me encaixo entre peça alguma. Estaria eu no quebra-cabeça errado?


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