Convenhamos que não conheço um lugar com tantos cheiros diferentes como um ônibus. Batatas fritas, perfumes dos mais suaves aos mais fortes, cachorro quente, chocolate, salgadinhos... Os mesmos de sempre. Entretanto, dia desses me surpreendi quando sentou do meu lado uma moça com nada mais nada menos que cheiro de infância. Não era cheiro de colônia de bebê, caso seja isso que você esteja imaginando. A moça tinha cheiro de bala. Mas não era de qualquer bala. Não mesmo!
Era o cheiro dos meus dias mais felizes quando criança.
Lembro-me de quando papai me levava à cidade grande como se fosse ontem. A viagem era longa e cansativa, e ele sempre comprava uma bala (que infelizmente esqueci o nome) e uma revistinha em quadrinhos. Eu me sentia a criança mais feliz do mundo enquanto desfrutava de um dos meus primórdios contatos com a literatura e colocava as balas na boca em um (quase sagrado) ritual. Mastigar nem pensar! Engolir ou colocar mais de uma na boca então nem se fala!
E de bala em bala, o tempo ia passando. Talvez seja por isso que hoje eu não resista ficar sem mastigar alguma bala. Sem perceber associei-a com o tempo. E tenho pressa. Todos tem.