segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Alice e seu país de fantasias

 Estou paralisada, olhando o céu pela janela do carro. Sou completamente fascinada por estrelas, sol, lua ou qualquer outra coisa que esteja a milhares de quilômetros da minha cabeça.
A noite está tão linda. Por mais que as luzes da cidade apaguem algumas estrelas, ainda existem aquelas que não se cansam de brilhar.
Procurei a maior, ou mais brilhante, e fiz um pedido. O mesmo de sempre, ou talvez, quase sempre. Tudo o que eu quero é sair desse labirinto na qual me encontro.
Entrei em uma espécie de transe quando me deparei com a lua. Está idêntica ao sorriso daquele gato louco do filme ''Alice no país das maravilhas''. De certa forma, eu o adoro. Acho que é por ele sempre possuir uma maneira diferente, ilógica e insana de ver as coisas.
Não consigo tirar meus olhos do céu. Por dentro, me sinto a mesma Alice do filme. Não paro de lhe perguntar onde estou e para onde devo ir.
Não obtive respostas.
Sorri ao admirar a lua, e o gato, pela última vez. Logo depois, ela foi devorada por uma enorme nuvem negra. 

Cinzas manhãs de verão


Dias de chuva são deprimentes. Não estou negando que gosto de ouvir o barulho das gotas pingando em minha janela e do vento soprando tudo que encontra pela frente, porém tudo fica tão cinza que a vontade de sorrir simplesmente desaparece.
Meu passatempo favorito costuma ser passar horas e horas admirando o céu, e as enormes nuvens negras sempre me impedem de ver algo além de suas massas cinzentas.
Não sei muito bem o porquê, mas considero o céu uma das maiores metáforas sobre a vida. O sol está sempre lá, por mais que não possamos vê-lo, para mostrar que sempre há uma luz no fim do túnel. Se estiver escuro, basta esperar, a noite não dura para sempre, e uma hora, a Terra terá que girar.
A chuva diminuiu, mas não parou.
Tudo está tão cinza! E por incrível que pareça, não estou falando das coisas que estão além da minha janela.
Estou chovendo a dias, sem nem ao menos uma pausa para um arco-íris aparecer.
De repente, tudo ficou tão silencioso. Acho que parou de chover.
Em compensação, continuo afogando nessa minha tempestade interna. 

Uma passagem para o amanhã

 - Moça, poderia me arrumar um copo d'água? - Foi tudo o que conseguiu dizer.
Lentamente, o avião começou a se mover. Um enorme nó se estabeleceu em sua garganta.
Será que ele estaria entre aquelas milhares de cabeças comprimidas no vidro do aeroporto? Pouco provável. E talvez fosse melhor assim.
Aquele beijo da noite passada já havia sido doloroso o suficiente. Ah, aquele beijo! Ela faria de tudo para sentir o calor daquele corpo junto ao seu novamente. Mas não podia.
Uma lágrima com gosto de angústia veio seguido por uma repleta de medo. Pela janela, ela pôde ver a cidade se afastando até se transformar em um minusculo pontinho.
Seria tarde demais para desistir? Pedir o piloto para parar que ela desceria ali mesmo? Sim, era tarde demais.
Pegou uma pequena foto em sua mochila e a encarou por alguns minutos. Ali estava aquele que a fez acreditar que não havia problemas em sonhar alto. Quanta ironia! Eram justamente os seus sonhos que a estavam levando para milhares de quilômetros do pouco que ela possuía.
Abraçou a fotografia bem forte, porém com um cuidado imenso para não amassar, e permaneceu assim por um bom tempo, até que finalmente voltou a realidade:
- A senhorita prefere a água quente ou gelada?
Por que todos lhe exigiam respostas? Como se já não bastassem as perguntas que ocupavam sua mente!
Respirou fundo, trocou a água por um café e afundou a cabeça em sua poltrona, sem tirar os olhos um minuto sequer das enormes nuvens que ocupavam sua janela. 

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