Antes de levar isso adiante, quero que saiba uma coisa:
sou uma garota de metáforas. E não estou me referindo a simples abstrações, refiro-me à minha vida inteira. Sou metáfora por dentro e por fora.
Do lado de dentro, todos os meus enigmas e sentimentos controversos que não fazem o menor sentido para o mundo. Por fora, meu sorriso, meu olhar, pequenos gestos e claro, não poderia deixar de fora as minhas tatuagens. Cada tatuagem minha conta um pouco do
que sou. Frases por todo o canto
tornam-me um grande livro a ser lido, e cuidado, os detalhes são essenciais. De Fernando Pessoa a Caio Fernando Abreu, quero saber se está realmente pronto para entrar
nesse barco comigo e re-amar quando for preciso. Quer um conselho? Comece pela
minha bússola do pulso. Ela não mostra o caminho, mas bem, dá um certa
segurança para não se perder por aí. Vai, me dê a mão. Navegue pelo meu
corpo e não se espante quando chegar em meus ombros, há um grande símbolo de
liberdade por lá. Quando mais nova, fiz para me recordar com carinho de uma
importante fase da minha vida, mas acabou tornando-se o meu maior símbolo de
amor próprio. Meu pássaros te dirão “ei, ela sabe voar sozinha, e não haverá nada
que prenderá os pés dela no chão!”, mas não se assuste. Estarão apenas fazendo
a função que os dei, e olha que já espantaram muitos. Não eles em si, mas minha
fome pela constante liberdade.
Consciente disso, leia a bula na minha nuca e atente-se aos
efeitos colaterais. Se ainda não fugiu, uau, você definitivamente é diferente. Talvez
consiga arrancar da minha boca uma frase que não encontrará em parte alguma do
meu corpo, algo relacionado com amor. Definitivamente não encontrará essas
palavras facilmente por aí, tenho medo de me marcar com coisas que machucam ou
que simplesmente podem sumir da noite pro dia.
Em todas as minhas linhas grito que sou uma garota forte e
que sempre sabe o que está fazendo, quando no fundo sou apenas um dicionário sem significados: um amontoado de palavras
sem sentido algum. Mas se você tiver paciência, com calma, vem juntando minhas palavras,
chegue de mansinho, percorra cada parte do meu corpo até que, por fim, conseguirá
me ler por inteira.