sexta-feira, 24 de abril de 2015

A caixa


Não sei ao certo quando vim parar aqui, e agora me parece tarde demais. Estou trancada em uma caixa sem fechaduras. Uma caixa que eu mesma criei e me prendi. Uma forma de me proteger do mundo, ou talvez de mim mesma. Não deu certo. Estou presa justamente com meu maior inimigo: eu mesma. 
E agora estou aqui, morrendo sufocada e implorando por alguma chave qualquer. Só quero sair daqui. Só quero poder ver o mundo novamente. Todas aquelas cores que eu tanto dizia odiar, toda aquela luz que chegava a arder os olhos, todo aquele ar não muito respirável e toda aquela infelicidade que rodava sobre a cidade. Sinto falta do mundo. Do meu mundo já basta, cansei de me afundar nele. Se for pra viver, que ao menos seja no mundo real, fora de toda essa caixa que me circula. Quero ser livre do meu próprio eu. Correr os riscos, ter sentimentos. Sinto saudades de sentir saudades. Faço falta na minha própria vida. Não sou eu.Vivo em uma caixa que não existe. Existo? Essa escuridão está me cegando. 
Alguém aí fora? Qualquer um, alguém, ninguém. Meu eco berra contra o silêncio. Cada segundo a mais aqui dentro me soa como uma contagem regressiva para o fim. No fundo, faz falta sentir falta de alguém.

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