Que minha vida tinha virado ao avesso nesse último
ano, mais necessariamente nesses últimos meses, eu já havia percebido.
Mas apenas essa madrugada pude sentir o peso dessa mudança sobre mim.
Caramba, que vazio! De repente olhei para o lado e não encontrei
ninguém, me dei conta que nem ao menos me tenho mais. Já fui minha amiga
um dia, mas ando mudada demais... Desisti de tentar me entender.
Da água pro vinho. Acho que posso definir a mudança assim. Maldito
vinho. Embebedada pela minha sede de viver acabei perdendo tudo o que
tinha. E sem desculpas dessa vez. Sem drama. Sem autopiedade. Sem
lamentações na frente do espelho. Dessa vez não.
Voltei no tempo enquanto jurava que morreria essa noite. Essa bendita
dor no peito que nenhum médico é capaz de curar. E doeu fundo, tão fundo
que pensei que de hoje não passava. Rezo para que passe, e logo.
Por favor, me diga que isso é um pesadelo. Que vou acordar na manhã
seguinte com um bom dia seu e uma carinha feliz. Tudo que mais preciso
agora.
Não sei se quero te ver. Vai ser difícil para mim ver em seus olhos que
as coisas nunca mais serão as mesmas. Nunca. Com sorte, talvez, algum
dia você resolva não me ignorar quando eu passar do outro lado da
rua.Talvez.
Você foi a primeira coisa que pude chamar de minha. Primeira e única.
Nunca fui de me contentar com a calmaria e monotonia de rotinas. Aquilo
nunca foi para mim. Perambulando de caminho em caminho, não fazia ideia
de para onde estava indo. Era um erro ambulante que se alimentava de
pequenas finitudes. Mas foi aí que encontrei meu destino. Ou seria o
destino que me fez te encontrar? No meio de tanta escuridão, você chegou
de fininho, iluminou cada cantinho aos poucos, até que um dia esse
sentimento aqui dentro acendeu de vez. E foi lindo. Fui capaz de ver
coisas que nunca veria sem você, enxergar pequenas coisas por ângulos
completamente novos, ver cores em lugares que jurava ser preto e branco.
Te mostrei cicatrizes que nem eu mesma assumia que tinha, te confessei
entre um sussurro e outro meu pior lado, te alertei das minhas confusões
entre uma risada e outra naquela tarde em que contávamos carros pela
avenida. Pequenas coisinhas que me tornavam cada dia mais sua. E o que
mais me surpreende é que você não se assustou nem um pouco com isso,
pelo contrário, aceitou ficar do meu lado, tentar lidar com toda essa
bagunça. “Por você vale a pena”. Você me deu uma chance. Deu outra. E outra. Não costumam confiar em mim. Agora entendo o porquê.
Ouvi dizer que o amor supera qualquer barreira. Será? Porque todos os
meus muros acabaram de ser destruídos. Não sobrou pedra sobre pedra.
Onde você está que não responde? Onde está que não me escuta? Esse
silêncio está me corroendo mais que todos os seus gritos juntos. E não
foram poucos. As lágrimas que escorreram pelo seu rosto antes de você ir
doeram mais em mim que em você. Uma batida de porta. Um grito. Meu.
Desmorono no chão enquanto você parte levando completamente tudo o que
eu tinha: você.
Alice, sua lindinha! *-*
ResponderExcluirSenti falta das suas palavras meigas e meio poéticas. Adoro o seu jeito fofo de expôr as palavras, acho que eu e você temos muito em comum em termos de escrita. Consigo sentir certa melancolia em seus textos também (a maioria das pessoas que lê os meus diz que há muita melancolia neles, e eu gosto disso, não acho uma coisa ruim).
Acho que a parte mais difícil de crescer é que a gente vai perdendo o controle de certas coisas, até mesmo daquilo que somos. E esse teu texto soube expressar bem isso: a mudança das nossas vidas. Sério, fico encantada com suas palavras! *-*
"Ouvi dizer que o amor supera qualquer barreira. Será? Por que todos os meus muros acabaram de ser destruídos. Não sobrou pedra sobre pedra". <333
Love, Nina.
Um texto recente meu pra você ler: http://ninaeuma.blogspot.com.br/2014/12/um-coracao-que-esta-por-emprestimo.html
Que coisa mais linda :(
ResponderExcluirMe identifiquei em cada linha... Em relação a sinceridade da escrita.
Infelizmente muitas pessoas chegam e depois partem. E deixam a saudade... Coisa que é dura demais pra lidar.
Beijos
http://sentimentalismodesmedido.blogspot.com.br/