Desde pequena ouço minha mãe dizer que não devo confiar em estranhos,
porém é difícil ignorar um velhinho gritando que vende a esperança do mundo.
Por um momento, pensei que não passava de um simples vendedor, com mais um
slogan barato. Entretanto, minha curiosidade
não se contentou enquanto não me aproximei dele.
Reparei que suas mãos estavam vazias, e não havia nenhum produto ou
algo do tipo consigo. Ao seu redor, todos pareciam estar ocupados demais para
ouvir o pobre homem, e o ignoravam como se ele simplesmente não estivesse lá.
- Me desculpe senhor, mas não entendi. O que vendes? – perguntei.
No primeiro momento obtive uma alta e escandalosa risada, e somente
depois de uma longa pausa, ele me respondeu:
- Você é que não entendeu minha senhora. O que vendo não pode ser
comprado. Nem todos sabem lidar com algo tão precioso assim, e muitos acabam o
deixando de lado com o tempo. O que vendo não pode ser colocado em uma
prateleira ou até mesmo pago com dinheiro. Vendo sonhos, minha senhora, e para
ser sincero, não são todos que podem comprá-los. Não se trata de o que você
tem, e sim quem você é. Sonhos são como uma estrada de pedras: não importa de
onde você vem, e sim para onde você quer ir. Portanto lhe pergunto: Para onde
você quer ir?
- Para onde quero ir? Ora, onde estou já está de bom tamanho. E
afinal, como se vende algo que não pode ser comprado?
Depois de ficar um longo tempo me observando com aquele olhar tão
complexo, ele simplesmente suspirou.
- Estamos em constante movimento, e se você não sabe para onde está
indo, sinto informar que a senhora está perdida.
Sem obter uma resposta para minha pergunta, insisti mais uma vez:
- Como se vende algo que não pode ser comprado?
Ele se virou, e quando eu estava quase indo embora, ele se voltou para
mim e estendeu-me uma pequena pedra:
- Está vendo esta simples pedra? Ela não pertence há ninguém, não é
mesmo? Julgada como objeto sem valor, poucos gostariam de ter-la, contando que
ela seria somente mais um peso inútil em suas vidas. Mas e se descobrissem que
essa pedra é valiosíssima? Ela, sem dúvidas, passaria a ser bastante cobiçada.
O mesmo acontece com sonhos minha senhora, eles existem, mas poucos o
valorizam. Assim como uma pedra, todos o julgam perda de tempo em suas vidas
tão corridas. Mas aí lhe pergunto? Por que correm? Para onde todos tanto querem
ir?
Você me disse que está bem onde está, não é mesmo? Mas irá se
contentar com essa vida para sempre? Todo caminho é feito de sonhos, e para se
chegar a algum lugar, serão eles que te impulsionarão.
- O senhor me venderia um sonho?
- Me desculpe, mas não vendo sonhos.
- Como não? Você não me disse que era um vendedor de sonhos?
- Eu apenas valorizo a pedra, minha senhora. Se você a deseja, terá
que descobrir onde encontrá-la. Pedras
estão por todo lado, porém muitas vezes não podemos vê-las, por estarmos
pisando nelas.
Muito bom o texto, o final casa perfeitamente!
ResponderExcluirMeus parabéns Aline, vejo que você tem talento.
Feliz Ano Novo.
Beijos,
Carol,
Ah, tá tendo sorteio lá no meu blog, se você quiser aparecer por lá e participar, será muito bem vinda.
http://caixa-a-a.blogspot.com
Muito obrigada Carol! Feliz ano novo para você também!
ResponderExcluirJá visitei seu blog e amei! Com certeza passarei por lá mais vezes ^^
Beijo
Gostei muito do texto!
ResponderExcluirTem um livro com o mesmo nome do título!
Grande beijo e boa semana!
Obrigada May. Me inspirei após ler um comentário sobre esse livro, e estou até querendo lê-lo no momento.
ResponderExcluirBeeijo
Claro que me lembro de você, realmente que nostalgia né? Adorei esse seu novo blog, estou seguindo e espero continuar mantendo contato!
ResponderExcluirbeijinhos
blog-cereja.blogspot.com
Eu também acho que se estamos nos sentindo mal, ficar ouvindo "se aceite" não vai mudar nada, temos que mudar e fazer coisas que vão nos fazer melhor porque é a realidade!
ResponderExcluirbeijos
blog-cereja.blogspot.com
Poisé Ana, mas agora estarei sempre por lá, tá? ^^
ResponderExcluirE concordo com você. Além do mais, mudar (quase) sempre faz bem, né?kk