quarta-feira, 8 de julho de 2015

Dias cinzas


Por que só está chovendo em mim? Minhas lágrimas perdem-se na tempestade cotidiana. Malditos dias cinzas! Isso deveria doer tanto assim?
Sinto saudades da luz do sol, anda tudo tão frio aqui dentro. Por que todos riem de mim? Minha desgraça é tão desajeitada assim? Quero caminhar junto a eles. Quero enxergar as cores que tanto comentam. Por que não vejo?
Entre uma tempestade e outra, dá para ver um pedaço do céu azul. Ele é tão lindo! Logo o tempo se fecha novamente. É insano.
Tudo está tão bem... Até que troveja. Logo depois vem um raio. Um pingo de chuva, outro, e outro... Até que uma hora, o céu desmorona sobre mim.
Afogo todo santo dia nas mesmas águas. Sou levada por pesadas correntezas para lugares que não quero ver. Não consigo me mover. É como se eu tivesse esquecido como se nada, ou talvez apenas desistido de remar. Tá doendo muito. Está voltando tudo. Estou sangrando sentimentos que não sei descrever. Nem sabia que era capaz de sentir isso.
Não quero sair de debaixo das cobertas, por favor, me deixe aqui. Um dia o despertador tocará e serei obrigada a ir perambulando no modo automático para fazer algo que não estou com a mínima vontade. Enquanto isso, me deixe aqui, por favor.  Um dia tudo isso passará, eu prometo, eu espero, mas enquanto isso me deixe aqui.
É como se eu cultivasse isso aqui dentro. Como se cuidasse desse terrível monstro apenas porque a companhia dele diminui a minha solidão. E vamos confessar que não é a melhor das companhias, mas sei lá, acho que é questão de aceitação. Já o aceitei do meu lado. Às vezes ele me abandona, como qualquer ser normal e em sã consciência que viva do meu lado, mas diferente de todos, ele volta. Volta para preencher a saudade que sinto de quanto as coisas não eram tão vazias aqui dentro. De quando eu ainda via a luz no fim do túnel. Acho que deixei o meu futuro no passado. Simplesmente esqueci-o para trás.
Quando olho para o futuro, vejo meu presente. Minha vida é um eterno replay de clichês e esperanças. Sonhos que não passam de histórias que me conto antes de dormir para não ter pesadelos. Mas o que fazer quando até seus mais coloridos sonhos andam perdendo as cores?
Deixo que a caneta leve minhas mãos, e sai tudo isso: vômitos repletos de restos de palavras que ficam amontoadas no estômago, causando enjoos e reviravoltas mais a cada dia. O próximo estágio dessa doença é o coração. Ouvi dizer que as palavras ditas e não ditas amontoam-se na biblioteca de pretéritos imperfeitos. Lá ficam até serem descobertas ou irem para o lixo. A fase terminal de todo esse mal se encontra no peito. As palavras vão se acumulando pouco a pouco no meu pulmão, dificultando minha respiração mais a cada dia. Já posso senti-las pesar.
Meu remédio? A água salgada que percorre todo meu rosto até me esvaziar por completa. O efeito colateral? A dor. 

2 comentários:

  1. Oi, Alice! <3

    Uau, que texto mais profundo. Eu praticamente senti nada frase. Devo dizer que sei exatamente como é se sentir assim, pois semestre passado tive meses bem ruins. Nem escrevendo eu me livrava da dor, acredita? Então, percebi que deveria parar de escrever sobre ela. E não é que deu certo? Me afastei de tudo e, agora, estou me renovando. Aos poucos, vejo que está surtindo efeitos, tô bem melhor. É que, às vezes, a gente acredita tanto na dor que deixamos que ela faça o que bem entender com a gente, sendo que somos nós que a controlamos. Enfim, lindo e profundo texto, amei! <3

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

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  2. Olá, amei seu Blog, muito lindo, desculpe o incomodo, dá uma olhadinha no meu Blog ? Jardimdedeuss.blogspot.com.br , Que Deus te abençoe!

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