No reflexo dos meus olhos vejo uma estranha. Não faço ideia de quem sou, o que quero ou quem. Fecho os olhos e vejo um vazio tão profundo que me afoguei no nada. É assustador.
Não quero nenhuma pessoa por perto, inclusive eu. Tentei conversar comigo mesma e desisti. Sou tão confusa que passo longe de me entender.
Quando minha mãe me dizia que eu não deveria conversar com estranhos, eu estava no meio? O vazio ultrapassou as barreiras do meu corpo e invadiu minha vida por completo. Só queria que isso acabasse. Queria fechar os olhos e enxergar algo além do eterno branco que me persegue.
Tentei chorar e não saiu uma lágrima sequer. A angústia me consumiu,juntamente com a culpa por ser eu. Meu coração dispara em câmera lenta. Tornei-me pedra. Meu coração congelou. Minha alma me abandonou. Minha razão fugiu. Só restou-me a dor. A dor de não sentir um pingo de felicidade percorrendo minhas artérias.
Meu vocabulário esgotou-se junto com a minha sanidade. Sou peixe querendo se afogar. Trem fora do trilho. Borboleta que não sabe voar.
Pobre borboleta, presa em seu casulo. O casulo que ela mesma construiu. Escutando o mundo acontecendo lá fora sem conseguir sair dali,muito menos ver algo além da escuridão que a envolve. Ouvi dizer que ela tem medo do escuro. Suas inúteis asas morrerão sem terem sentido.
Minha cabeça doí, meu corpo estremece. Desmorono como minha vida. Prédios sem base desabam e castelos de areia sempre são levados pela água. Não dá pra lutar com a gravidade da vida, não há conserto para o que foi feito para cair. Não passo de tijolo sob tijolo. Nada que sustente. Um sopro e já era, não restará pedra sob pedra.
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